segunda-feira, 30 de maio de 2016

Roll for the Galaxy - Análise por Edgar Bernardo

Eu nunca joguei o Race for the Galaxy, o jogo do qual este é baseado, ou se quisermos a versão original. Não sendo então original tem mecânicas que funcionam muito bem num jogo que pretende, e consegue, ser rápido, divertido e interessante. Há que conquistar a galáxia e nada como lançar dados dentro de um copo para o fazer.



Quantas vezes não despejamos uns copos e pensamos que ninguém nos consegue travar... apesar da mudança de nome este jogo é igualmente uma corrida, pois as condições de vitória o condicionam. Lançamos dados de um copo, sendo que cada dado representa população, seja ela especializada ou não. Podemos colonizar mundos, descobrir tecnologias e escoar produtos.

É antes de mais um jogo de gestão de dados onde apenas podemos fazer uma ação por turno, garantidamente, isto porque as demais que escolhermos só são realizáveis se os outros jogadores as tiverem escolhido como a "sua ação". Por vezes os jogadores acabam por escolher a mesma ação e o turno termina num ápice. Usamos os dados e depois estes regressam ao nosso tabuleiro à espera de serem compradas de novo para o copo.

Sinceramente não sei o que o copo representa... provavelmente uma nave de colonização ou algo mais vago como... nada! Aprecio Roll for the Galaxy pelo que é, um jogo simples que nos envolve e onde os jogadores jogam em simultâneo na fase inicial do turno, o que acelera o jogo. Se me é permitida a comparação, é quase um Star Realms com dados e que funciona mesmo com mais de 2 jogadores.

Agora os pontos menos positivos do jogo. A iconografia é funcional, embora nalguns casos pouco intuitiva, mas é muito básica, sem captar o olhar ou digna de nota particular. Obviamente que temos alguma aleatoriedade, que parcialmente pode ser contida na nossa manipulação, mas muitas vezes a sorte não está no nosso lado e isso pode ser determinante no nosso sucesso, em particular quando tiramos cartões de tecnologia ou planetas. Um pouco de sorte nos cartões e o jogo fica controlado com combos e uma estratégia sólida para a vitória. A minha maior crítica vai mesmo para a curva de aprendizagem do jogo que pode tornar-se penosa, sobretudo porque não é um jogo simples de explicar. Parece muito simples mas na verdade requer atenção e prática.


Fonte da Imagem: http://dailyworkerplacement.com/2015/04/02/roll-for-the-galaxy-dice-in-space/

Em suma Roll for the Galaxy poderá ser uma compra sólida se se é fã de ficção científica e de jogos rápidos. Não é um jogo de civilização, é um jogo de dados que nos dá a ilusão de que estamos a tentar construir algo primeiro que os outros. Nessa linha recomendo sobretudo para jogadores ocasionais ou apaixonados por Sci-Fi com pouca paciência ou tempo para investir tempo num jogo mais completo.


Jogo: Roll for the Galaxy
Ano: 2015
Avaliador: Edgar Bernardo
Tipo: Estratégia / Gestão / Dados
Tema: Ficção cientifica 7 Espaço
Preparação: 5 minutos
Duração: 45 minutos
Nº de Jogadores: 2 - 5
Nº Ideal de jogadores: 2 - 5
Dimensão: Pequena
Preço médio: 40€
Idade: 13+


Qualidade dos Componentes: 8
Dimensão dos Componentes: 9
Instruções/Regras: 6
Aleatoriedade: 7
Replicabilidade: 8
Pertinência do Tema: 5
Coerência do Tema: 5
Ordem: 10
Mecânicas: 8
Grafismo/Iconografia: 8
Interesse/Diversão: 8
Interação: 5
Tempo de Espera: 10
Opções/turno: 8
Área de jogo: 9
Dependência de Texto: 7
Curva de Aprendizagem: 8

Pontuação: 7,60

Para amantes de Sci-Fi e jogos rápidos
 

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Artifacts, inc. – Análise por Micael Sousa

Em 2015 saíram imensos jogos de tabuleiro de gestão e estratégia que recorrem a dados. Artifacts, inc. é um desses jogos. Pareceu ser uma moda usar dados como mecânica de worker placement, em que cada representa um trabalhador que podemos afetar para uma ou mais atividades que nos vão ajudando a construir motor do nosso jogo, com o qual tentaremos ganhar. Isto pode parecer indecifrável para que não está familiarizado com esta coisa dos jogos de tabuleiro. No fundo, cada dado será uma jogada que nos permite depois recolher recursos para outras jogadas encadeadas, cada vez mais poderosas, mas que só podem acontecer na dependência das anteriores. Bem… se calhar esta explicação ainda foi mais complicada… Vamos então ao jogo propriamente dito.

Em Artifacts, inc. somos gestores de uma empresa de “Indiana Jones”. Ou seja, de arqueólogos que andam pelo mundo à procurar peças valiosas para museus e colecionadores privados. A única verdadeira semelhança com o Indiana Jones é o facto de chamarem aos nossos dados “aventureiros” que procuram tesouros arqueológicos. O jogo também se passa na mesma época histórica.

Começamos com 4 cartas: Uma que permite comprar outras cartas ou evoluir as que temos; uma que permite escavar fósseis, uma que permite encontrar manuscritos e uma última que nos dá os três aventureis (3 dados) iniciais. As cartas podem ser activadas usando os nossos dados. Há medida que vamos jogando podemos ir adquirindo mais cartas, artefactos (representados por cubos) que resultam do ativar das cartas com dados. Algumas cartas podem gerar dinheiro, com o qual podemos comprar cartas adicionais que estão disponíveis para todos os jogadores, sendo possível através delas ganhar mais aventureiros, opções de manipulação dos dados, cartas que permitem descobrir estatuetas e pedras preciosas, multiplicadores de pontos e outros benefícios. É possível também fazer mergulhos e descobrir outro tipo de tesouros, sendo que cada mergulho dá direito a uma carta que vale pontos e pode ativar outros multiplicadores mediante o que se descobrir (cidades afundadas, dobrões ou vasos).

Mas afinal como se ganha. Como de hábito ganha quem tiver mais pontos, mas neste caso o fim do jogo acontece quando alguém chega aos 20 pontos. Cada jogador deve contar a cada turno o seu total de pontos, através das cartas que tem. O modo como as posicionamos, limitados a duas filas com relações ortogonais entre as cartas, pode gerar e ativar multiplicadores extra. 

O dinheiro obtém-se vendendo peças aos museus, a colecionadores privados ou fazendo visitas turísticas. Quando o final do jogo é ativado conta-se quem conseguiu cumprir mais requisições nos vários museus. Quem tiver mais domínio em cada um deles ganhas mais pontos. Basicamente o jogo é isto. De seguida a crítica propriamente dita.

Fonte da imagem: https://pbs.twimg.com/media/CMFY1tjW8AAJHo0.jpg

Trata-se de uma corrida com muita gestão pelo meio. Há um determinado fator sorte, pois temos pouco controlo nos dados. Podemos sempre conseguir mais dados e algumas cartas (apenas duas) que os manipulam. Mas determinadas cartas precisam de valores específicos nos dados para serem ativadas, algumas, por exemplo, precisam de dados de valor de“1”, outras “5 ou mais”. Isto pode fazer condicionar o jogo em função da sorte nos lançamentos. No entanto há sempre coisas que podemos fazer com o que nos calha, obrigando-nos a adaptar, sendo igualmente um desafio estratégico. Este facto seria apenas aquilo que apontaria como problema do jogo, mas das vezes que joguei acabou por nunca se demonstrar problemático, pois, de uma maneira ou de outra, nunca me senti derrotado pelos dados ou excessivamente condicionado por maus lançamentos. Afinal podemos utilizar até 7 dados.

O jogo tem um tema interessante, que consegue estar bem transposto para o jogo em si. Joga-se rápido e transporta-se ainda melhor. Como recorre a cartas cabe tudo numa pequena caixa. A arte gráfica do jogo é belíssima, motivando para levar o jogo à mesa. É também um jogo barato. Com 20€ fazemos a festa.

O autor do jogo recomendou uma variante que torna o jogo ainda mais interessante. Na versão original cada jogador lança todos os dados que utiliza de imediato. Na versão alternativa cada jogador lança em simultâneo os seus próprios dados, depois, à vez, cada um vai fazendo uma ação, diminuindo ainda mais o tempo de espera e permitindo interatividade quando os espaços já estão tapados com dados. Os espaços contendo dados não estão vedados, mas quando se coloca um dado e esse valor não seja superior ao valor do somatório de dados existentes, o jogador que tem maior valor ganha um de dinheiro.

Pelo pouco tempo que demora, pelo pouco espaço que ocupa, pelo aspeto e pelo preço recomendo o jogo.


Jogo: Artifacts, Inc.
Ano: 2015
Avaliador: Micael Sousa
Tipo: Estratégia / Gestão / Dados
Tema: Arqueologia / Aventura
Preparação: 10 minutos
Duração: 30 - 45 minutos
Nº de Jogadores: 2 - 4 
Nº Ideal de jogadores: 3
Dimensão: Pequena
Preço médio: 20€
Idade: 13+


Qualidade dos Componentes: 10
Dimensão dos Componentes: 10
Instruções/Regras: 9
Aleatoriedade: 6
Replicabilidade: 8
Pertinência do Tema: 9
Coerência do Tema: 9
Ordem: 6
Mecânicas: 7
Grafismo/Iconografia: 10
Interesse/Diversão: 9
Interação: 6
Tempo de Espera: 7
Opções/turno: 9
Área de jogo: 8
Dependência de Texto: 8
Curva de Aprendizagem: 8

Pontuação: 7,87


domingo, 8 de maio de 2016

O trio Rosenberg - Uma opinião por Edgar Bernardo

Há bichos que mordem, e o Agrícola é daqueles que quando me mordeu deixou marca. Não consigo não gostar do jogo. Foi durante muito tempo considerado a "joia da coroa" do autor Rosenberg. Não sei se o título é justo, não vou fingir conhecer todos os seus títulos ao ínfimo pormenor, tenho essa pretensão.

Quero antes falar e comparar três dos seus jogos de maior sucesso, o Agrícola, o Le Havre e o Caverna. É certo que as semelhanças entre o Caverna e o Agrícola são mais evidentes e portanto, uma comparação entre estes seria mais direta. Mas, a meu ver, e é esse o ponto central da minha argumentação, fazer um texto a comparar esses dois jogos seria como escolher entre tosta mista ou sandes mista...

Eu gosto mais de tosta mista, os ingredientes são os mesmos mas o facto de torrar o pão e derreter o queijo, apesar das calorias extra, apraz-me sem dúvida mais. Entenda-se aqui o Agrícola a tosta mista nesta analogia... Sempre que joguei Caverna sinto como uma versão "extended" do agrícola... e não extensa no melhor sentido. Mesmo na versão avançada o Agrícola é mais rápida que o Caverna, mais desafiante, mais "original".

Sim, foi o primeiro jogo que me deu a sensação de agricultor por um dia... ao passo que o Caverna, talvez por ter saído depois, me deu a sensação de anão ganancioso atrás do ouro que foi o primeiro jogo... se é que me faço entender. Se o Caverna fosse uma expansão adptada ou tivesse mecânicas que de facto me fizessem sentir um mineiro (já nem digo anão...) talvez fosse mais do meu agrado.
E o Le Havre? Gosto bem mais que o Caverna. Sim, pode ser igualmente extenso, mas é fluído, até mais que o Agrícola. Na verdade, o grande problema do Rosenber é obrigar-nos a tanto trabalho a colocar e recolocar tokens de recursos... parece um segundo emprego... em especial quando jogo com parceiros preguiçosos ou novatos e tenho de ser sempre eu a fazer o "refill" dos tokens... o que quebra o ritmo do jogo e o alonga.

No Le Havre os recursos que temos de recolocar são "fixos" e resumem-se a dois por jogada (se ignorarmos o "harvest" dos marinheiros... muita fominha deve ter passado o Rosenberg!!!). Ainda assim, o grande senão deste jogo é o tempo que leva que sempre me deixa com a sensação que aquelas duas a três horas podiam ser para jogar algo que me desse a sensação de "dever cumprido" ou ter alcançado alguma coisa.

Muito resumidamente estas são as linhas de discussão que queria deixar aqui, existiam outras que poderia ter trazido à baila mas espero que nos comentários elas surjam. Resumindo prefiro sempre um Agrícola a um Le Havre, e este a um Caverna... na verdade para quê jogar Caverna se tenho Agrícola (ou o contrário para quem prefere o oposto de mim) !?

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