sexta-feira, 20 de maio de 2016

Artifacts, inc. – Análise por Micael Sousa

Em 2015 saíram imensos jogos de tabuleiro de gestão e estratégia que recorrem a dados. Artifacts, inc. é um desses jogos. Pareceu ser uma moda usar dados como mecânica de worker placement, em que cada representa um trabalhador que podemos afetar para uma ou mais atividades que nos vão ajudando a construir motor do nosso jogo, com o qual tentaremos ganhar. Isto pode parecer indecifrável para que não está familiarizado com esta coisa dos jogos de tabuleiro. No fundo, cada dado será uma jogada que nos permite depois recolher recursos para outras jogadas encadeadas, cada vez mais poderosas, mas que só podem acontecer na dependência das anteriores. Bem… se calhar esta explicação ainda foi mais complicada… Vamos então ao jogo propriamente dito.

Em Artifacts, inc. somos gestores de uma empresa de “Indiana Jones”. Ou seja, de arqueólogos que andam pelo mundo à procurar peças valiosas para museus e colecionadores privados. A única verdadeira semelhança com o Indiana Jones é o facto de chamarem aos nossos dados “aventureiros” que procuram tesouros arqueológicos. O jogo também se passa na mesma época histórica.

Começamos com 4 cartas: Uma que permite comprar outras cartas ou evoluir as que temos; uma que permite escavar fósseis, uma que permite encontrar manuscritos e uma última que nos dá os três aventureis (3 dados) iniciais. As cartas podem ser activadas usando os nossos dados. Há medida que vamos jogando podemos ir adquirindo mais cartas, artefactos (representados por cubos) que resultam do ativar das cartas com dados. Algumas cartas podem gerar dinheiro, com o qual podemos comprar cartas adicionais que estão disponíveis para todos os jogadores, sendo possível através delas ganhar mais aventureiros, opções de manipulação dos dados, cartas que permitem descobrir estatuetas e pedras preciosas, multiplicadores de pontos e outros benefícios. É possível também fazer mergulhos e descobrir outro tipo de tesouros, sendo que cada mergulho dá direito a uma carta que vale pontos e pode ativar outros multiplicadores mediante o que se descobrir (cidades afundadas, dobrões ou vasos).

Mas afinal como se ganha. Como de hábito ganha quem tiver mais pontos, mas neste caso o fim do jogo acontece quando alguém chega aos 20 pontos. Cada jogador deve contar a cada turno o seu total de pontos, através das cartas que tem. O modo como as posicionamos, limitados a duas filas com relações ortogonais entre as cartas, pode gerar e ativar multiplicadores extra. 

O dinheiro obtém-se vendendo peças aos museus, a colecionadores privados ou fazendo visitas turísticas. Quando o final do jogo é ativado conta-se quem conseguiu cumprir mais requisições nos vários museus. Quem tiver mais domínio em cada um deles ganhas mais pontos. Basicamente o jogo é isto. De seguida a crítica propriamente dita.

Fonte da imagem: https://pbs.twimg.com/media/CMFY1tjW8AAJHo0.jpg

Trata-se de uma corrida com muita gestão pelo meio. Há um determinado fator sorte, pois temos pouco controlo nos dados. Podemos sempre conseguir mais dados e algumas cartas (apenas duas) que os manipulam. Mas determinadas cartas precisam de valores específicos nos dados para serem ativadas, algumas, por exemplo, precisam de dados de valor de“1”, outras “5 ou mais”. Isto pode fazer condicionar o jogo em função da sorte nos lançamentos. No entanto há sempre coisas que podemos fazer com o que nos calha, obrigando-nos a adaptar, sendo igualmente um desafio estratégico. Este facto seria apenas aquilo que apontaria como problema do jogo, mas das vezes que joguei acabou por nunca se demonstrar problemático, pois, de uma maneira ou de outra, nunca me senti derrotado pelos dados ou excessivamente condicionado por maus lançamentos. Afinal podemos utilizar até 7 dados.

O jogo tem um tema interessante, que consegue estar bem transposto para o jogo em si. Joga-se rápido e transporta-se ainda melhor. Como recorre a cartas cabe tudo numa pequena caixa. A arte gráfica do jogo é belíssima, motivando para levar o jogo à mesa. É também um jogo barato. Com 20€ fazemos a festa.

O autor do jogo recomendou uma variante que torna o jogo ainda mais interessante. Na versão original cada jogador lança todos os dados que utiliza de imediato. Na versão alternativa cada jogador lança em simultâneo os seus próprios dados, depois, à vez, cada um vai fazendo uma ação, diminuindo ainda mais o tempo de espera e permitindo interatividade quando os espaços já estão tapados com dados. Os espaços contendo dados não estão vedados, mas quando se coloca um dado e esse valor não seja superior ao valor do somatório de dados existentes, o jogador que tem maior valor ganha um de dinheiro.

Pelo pouco tempo que demora, pelo pouco espaço que ocupa, pelo aspeto e pelo preço recomendo o jogo.


Jogo: Artifacts, Inc.
Ano: 2015
Avaliador: Micael Sousa
Tipo: Estratégia / Gestão / Dados
Tema: Arqueologia / Aventura
Preparação: 10 minutos
Duração: 30 - 45 minutos
Nº de Jogadores: 2 - 4 
Nº Ideal de jogadores: 3
Dimensão: Pequena
Preço médio: 20€
Idade: 13+


Qualidade dos Componentes: 10
Dimensão dos Componentes: 10
Instruções/Regras: 9
Aleatoriedade: 6
Replicabilidade: 8
Pertinência do Tema: 9
Coerência do Tema: 9
Ordem: 6
Mecânicas: 7
Grafismo/Iconografia: 10
Interesse/Diversão: 9
Interação: 6
Tempo de Espera: 7
Opções/turno: 9
Área de jogo: 8
Dependência de Texto: 8
Curva de Aprendizagem: 8

Pontuação: 7,87


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